Decidimos fazer esta Maratona na recuperação da maratona de Berlim. Pouca informação tinha, mas confiei na sapiência dos meus companheiros – foi uma grande escolha. A Cidade é linda, vivem lá alguns amigos com quem partilhei momentos que guardarei para sempre, o percurso é plano e o tempo estava magnífico para correr.
Não consigo fazer nada na vida sem objectivos e numa fase inicial da preparação defini-me alguns objectivos. Treinar sem lesões, perder algum peso e aproximar-me das 3h00.
As lesões foram uma constante dos processos de preparação para as Maratonas anteriores. Apesar de alguns percalços na preparação para Sevilha (1 pé torcido a jogar futebol, 1 joelho inchado numa queda num treino às 6h00 e terminei a preparação com uma periostite que me vai “obrigar” a descansar as próximas 3 semanas), estes quase nunca foram impeditivas de uma boa preparação.
Tentei fazer o maior número de treinos com a GAFE, para gozar da experiência, método e organização do Presidente, das tareias do Secretário-Geral e principalmente do espírito e boa disposição do GAFE.
No sábado, lá fomos juntos para Sevilha. Conduzi o carro dos atletas (que grande responsabilidade) e o Joca conduziu as nossas meninas (sortudo:-)), que foram incansáveis no apoio e na reportagem fotográfica.
Levantámos os dorsais, fizemos o check-in no Hotel e fomos jantar (3 pratos de massa), sem muitas misturas para evitar os problemas intestinais que senti em Londres. Depois do jantar, o Enrique veio-me buscar na sua moto, para ir-mos assistir ao Sevilha-Atlético de Madrid. Encontrámo-nos com o Ignaci e com o Eduardo, bebemos uma Cruzcampo, enquanto assistíamos ao final do Real-Betis (6-1 desgraçado do Ignaci que é fanático do Betis) e fomos para o Estádio. Nunca tinha assistido a um jogo da Liga Espanhola e muito menos um jogo às 22h00. O estádio estava cheio, o ambiente é espectacular e os adeptos são incansáveis no suporte à sua Equipa – na Luz, só contra o Sporting e Porto o estádio enche e os adeptos estão mais preocupados em assobiar o árbitro e o Di Maria, que em puxar pelo Benfica. O Sevilha venceu por 1-0 e o Sevilha mantém o 3º lugar na La Liga.
Dormi poucas horas, acordei cedo, comi sem vontade umas fatias de pão alentejano com doce de abóbora (o pequeno-almoço no Hotel só começava às 7h30), tomei um duche e equipei-me para a prova.
Chegámos cedo ao Estádio Olímpico, aquecemos e alinhámos objectivos. Eu pretendia fazer abaixo das 3h05 e o PT decidiu que ia tentar fazer NY Time (2h55m00) - combinámos ir juntos até à Meia-Maratona (4:11/4:12/Km) e então o PT aceleraria e eu tentaria manter o ritmo que me permitisse bater as 3h00 (este era um sonho antigo que não pretendia bater em Sevilha mas ia tentar).
Alguns desencontros com a Gafe fizeram com que eu e o Presidente fossemos tarde para a pista e ficássemos na parte traseira do pelotão (entretanto tínhamos perdido o NK e o PT). Tiro de partida, votos de boa prova, cumprimento final e arrancámos. Encontrei o PT ainda na pista, pose para a fotografia à entrada do túnel de saída e lá saímos do estádio ainda muito lentos. Terminámos o 1º Km em perto de 5min e rapidamente chegámos ao ritmo objectivo (4:05/4:15). Passámos aos 10Kms com 42 min e íamos fortes – apesar de sentir que o PT ia a travar. A temperatura estava fresca, não havia vento, o sol ainda estava baixo e portanto havia muita sombra, enfim condições óptimas para correr apesar da temperatura ir subindo.
Mantivemos o nosso ritmo e perto dos 15Kms decidimos alcançar um grande grupo que estava à nossa frente. Foi impressionante a facilidade com que o PT os apanhou. Eu fui mais calmo mas mesmo assim, foi com facilidade que os apanhei e me abriguei no meio do grupo. O grupo tinha imensos Tugas que iam bem e com quem me fui cruzando até ao final da prova.
Aos 20Km´s, o PT partiu e pouco depois acenou-me como que a desejar – FORZA HOMBRE. O PT estava muito forte e não tinha dúvidas que bateria o record pessoal – ainda teria condições de fazer 2:55? Desejei que sim:-). Passei à Meia com 1:29:10 e sentia-me forte.
Foquei-me na minha prova e diversos pensamentos me passaram pela cabeça – teria pernas para manter o ritmo? Baixaria das 3:00? A que Km passaria pelo muro? Deixei-me de pensamentos negativos e mantive o ritmo.
Aos 30 Kms, já me sentia bastante cansado mas tinha conseguido manter o ritmo. Parei para aliviar a bexiga e segui com força.
Perto do Hotel, por volta dos 35Kms, passei pelo Joca que se fez notar – MEGA GRITO de apoio – e percebi que ia bastante cansado. Ia a olhar para o chão, com os dentes cerrados e fiz-lhe um sorriso mas sem a resposta enérgica que merecia.
Lá segui concentrado em cada passada a pensar que faltava menos uma para o final da prova. Nesta fase, os pensamentos eram do tipo – porque é que me meto nisto? Sou louco? Porque é que não fico em casa? Porque é que não sou capaz de fazer maratonas sem objectivos de superação?
Nesta fase, já não conseguia manter o mesmo ritmo mas ia-me focando em não baixar dos 4:20/km. Definia objectivos para manter o ritmo – ultrapassar 6 atletas até à meta, ultrapassar o atleta à minha frente, …. Enfim, formas de manter a cabeça ocupada com pensamentos positivos.
Por fim, entrei no túnel de acesso ao Estádio Olímpico. Acelerei o ritmo, olhei para o relógio (conseguiria bater as 3h00), senti o ambiente do estádio, dei tudo o que tinha até à meta e senti a felicidade de superação – 2:59:08.

$Dei um forte abraço ao PT, que estava à minha espera, e a quem devo este resultado, agarrei uma garrafa de água e descansei.
Depois de reunirmos a Gafe, encontrámo-nos com o Joca, a Ana e Isabel e rumámos ao Hotel para um merecido banho. Depois do banho, um almoço de tapas (fantásticas), umas cañas e o descanso dos guerreiros.
Entretanto, fui visitar o Mestre Raul Oliveira que me diagnosticou uma periostite e recomendou-me que parasse durante 3 semanas – que farei. Haja vento para que me possa dedicar ao kite Surf:-).
PS: Gafe, qual será a nossa próxima Maratona?

 Sábado... Depois de levantar os dorsais.
 Sábado... Depois de levantar os dorsais.
 Minutos antes da prova, dentro do estádio
 Minutos antes da prova, dentro do estádio



 Concentrados na 1ª metade
 Concentrados na 1ª metade A curva Portuguesa, com o parceiro espanhol em dificuldades...
A curva Portuguesa, com o parceiro espanhol em dificuldades...  A entrada no Estádio! Em grandes dificuldades...!!
A entrada no Estádio! Em grandes dificuldades...!!

















