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segunda-feira, 3 de maio de 2010

De um ponto de vista diferente.


Em 2005 em Paris, com mais dois amigos, fiz a minha primeira Maratona internacional. Foi uma experiência inesquecível que sempre achei que teria de repetir. Quando há cerca de 6 meses surgiu a hipótese de estar mais uma vez em Paris, nem hesitei... Ai vou eu. Tentei desencaminhar o maior número de maratonistas possível, mas por variadas razões só conseguimos ir 4 corredores e 4 apoiantes.

Foto do grupo (falta o fotografo JOCA)

Durante o projecto PARIS passei por momentos conturbados que me foram obrigando a alterar os meus objectivos desportivos.
Inicialmente, e após terminar a Maratona de Nova York (e como esta correu acima das expectativas) achei que em PARIS, e se treinasse bem, poderia bater ou ficar muito perto da minha melhor marca na distância.
Numa segunda fase, e depois de ter passado por um período onde não me apetecia treinar resolvi baixar as expectativas – agora o objectivo era terminar abaixo das 3h30m (mínimos para BOSTON em 2011).
Mais à frente, quando tomei a resolução que tinha chegado a altura de ser operado para remover o meu inestético quisto sinovial, focalizei o objectivo em acompanhar a minha amiga Ana na sua primeira aventura na distância (para vos dizer a verdade este foi o objectivo que mais me motivou).
Depois de 21 dias de paragem regressei aos treinos em força e abusei... e como seria de esperar passado 1 semana estava lesionado (já devia ter experiência para não fazer estas infantilidades).
O objectivo agora era TERMINAR e acompanhar durante o maior período possível a ANA.
Mas para isso ainda tinha que fazer uns treinos. Mas como não os consegui fazer (a lesão não me largava) resolvi que era preferível não levar os ténis para Paris e juntar-me à equipa dois apoiantes.

Ao fazer a mala e como descargo de consciência coloquei uns calções, uma camisola, os ASCIS e pedi emprestado uma pequena máquina fotográfica (nunca se sabia).
No avião resolvi que talvez conseguisse fazer à partida (todos Champs Élysées) com Ana e terminar com ela na Avenida Foch.

É sempre bom voltar a Paris, apesar de há 10 anos a esta parte ir lá pelo menos 1 vez por ano (nem que seja só de passagem). É uma cidade muito bonita onde gosto de estar, comer um croissant e ver os transeuntes com uma bela baguete debaixo do braço.
Como estava sem preocupações de corrida e como tive possibilidade de desfrutar, pela primeira vez nestes eventos, da companhia da minha filhota tentei proporcionar-lhe um pequeno olhar à cidade luz. Apesar dos constrangimentos próprios dos corredores e os ditados pela curta estadia ainda assim conseguimos “ver” a cidade: Torre Eiffel, passeio de barco no rio Sena ao fim do dia, visita à feira da Maratona (muito pobre quando comparada com Nova York), visita exterior da igreja do Sacré Coeur e ver os pintores em Montmartre (talvez o momento alto para a minha filhota).






















Esta era a minha oportunidade de viver uma Maratona do outro lado. Vesti-me a rigor, levantei-me à hora dos outros corredores para tomar um bom pequeno-almoço, fui com os atletas no metro até ao Arco de Triunfo, tirei a foto da praxe antes da partida e entrei no curral esperando pela partida. Até parecia que ia fazer uma Maratona. Não é que não estivesse cheio de inveja daquela malta toda. Mas desta vez os planos eram menos ambiciosos mas não menos importantes. Tinha que fazer a guarda de honra durante a partida e nos primeiros 5km à melhor atleta da GAFE. Apesar do ambiente à partida ser extraordinário, fiquei um pouco frustrado pois nada tinha a ver com aquilo que eu tínhamos vivido há 5 anos atrás. Claro que o ambiente não deveria ser muito diferente, mas os “meus olhos” é que eram outros.
Tenho a dizer que em termos de organização esta Maratona está muito atrás de outras onde já tive presente, então se comprarmos com Londres Nova York ou Berlim esta Maratona ainda está na infância.

Lá corri os meus primeiros 5km tentando tirar o máximo de fotografias possível (tarefa muito difícil) no meio da multidão. Claro que descer os Champs Élysées, no meio daquela mole humana é uma emoção.

Depois dos primeiros km’s, parei e fui ter com o resto dos apoiantes da equipa. Foi uma alegria encontra os meus amigos junto daquela malta toda. Depois fomos de metro para o segundo ponto de encontro perto dos 22km. A facilidade de deslocação entre os diferentes pontos da Maratona é um dos pontos altos desta prova pois os acompanhantes facilmente podem acompanhar os seus atletas em diferentes pontos do percurso utilizando para isso a excelente rede de metro da cidade.

Durante a espera dos atletas tive pela primeira vez a verdadeira consciência da importância dos acompanhantes. Eu já sabia que eles eram muito importantes para nós atletas, pois ver uma cara conhecida ao longo do percurso dá-nos muito animo. Não tinha era consciência do que eles sofrem para nos acompanhar:
  • frio;
  • fome;
  • cansaço pela correia sempre de um lado para o outro;
  • cansaço enorme pela espera;
  • desespero pelo milhares de atletas que têm que olhar durante a nossa procura,
  • desespero pela incerteza que vivem ou não saber se no momento em que piscram os olhos nós passamos;
  • etc, etc

A partir de agora vou dar ainda mais valor a todos aqueles que andando atrás de nós nos dão mimos durante as nossas loucuras. SÃO OS MAIORES!

O final da corrida, foi um dos momentos mais emocionantes que vivi em Paris, pois ao ter o privilégio de acompanhar a minha amiga na finalização desta demanda, senti algumas das emoções que ela viveu e recordei algumas das que já tive.
PARIS foi bom. Mas sabem... o que eu gosto mesmo é de correr...