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segunda-feira, 27 de outubro de 2008

maratona do porto 2008

...também é justo escrever aqui.
Para quem não sabe, ontem participei numa prova popular na distância de 42,195 Km, na (dita) capital do norte (português,  não de todo o hemisfério).
Para além de mim estava lá também e secretamente um sócio fundador desta agremiação o Paulo V. que resolveu perder a inocência mas pela calada.
Com o pouco respeito pela distância que mostrei nos meus treinos, o tempo (3h50m) e o sofrimento que tive foram justos.
A prova está boa e recomenda-se, pede-se apenas um pouco mais de fresco... 800 e tal participantes não está mal, uma camioneta cheia de japoneses não está mal, um grupo de coelhinhas francesas e vestidas de cor de rosa a gritar "allez nuno!" não está mal, o público mesmo geograficamente 300 km acima não deixa de ser português e ignora tanto que quase dá para bocejar, as minis no final dentro de um frigorifico  e à disposição também não está mal, para quem gosta... not me.
por último: um homem garrafa (igual aos de londres) e a correr pelo nariz vermelho, não está mal!
Um abraço a todos ... e todas!

domingo, 26 de outubro de 2008

See you soon, Elvis!

O "Galego Voador" vai em breve correr para outras paragens. Corra como correr a aventura - e sabemos que ele tem o que é preciso para que tudo corra bem - ele sabe que quando regressar, nós cá estaremos para lhe dar um abraço amigo, como se nunca tivess partido. Que a amizade não acaba com as distâncias.

Não querendo confundir o rapaz, que agora precisa de se concentrar na Língua Inglesa, aqui ficam umas larachas para ele não se esquecer do nossa língua! Não é que ele a tenha aprendido toda, mas enfim :)

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Depois de muitas corridas, muitas conversas a retalho
Umas em Português, umas em Espalholês, e outras... não
(dizer que foram em Inglês seria um grande esticão!),
a amizade cresceu, muito para além do trabalho.
Laços de ternura e cumplicidade que entre nós se manterão.

Ficam comigo, e com os Atletas do Fundo da Estrada
as tuas tiradas filosóficas em forma de piada.
Um humor que nenhum de nós saberá igualar
(e que antecipávamos, contentes, à chegada do teu Jaguar!)
e do qual sentiremos saudades após a tua retirada.

De facto, escrever “retirada” é escolher bastante mal
a palavra para descrever a tua partida.
Porque só nós sabemos que para quem passa por Portugal
(mesmo um Galego orgulhoso que se acha especial!)
a vontade de regressar raramente é vencida.

Por mim, sou grato pela tua paciência e generosidade
para os meus caprichos e vontades, sempre limpos de despeito.
E que me perdoes uma ou outra recta final a acelerar, sem maldade.
Mas sabia que para alguém da tua fibra (e da tua tenra idade!)
Só assim acrescentaria à amizade, a tua admiração e respeito.

Na verdade, eram mais frequentes os dias em que te pedia
de manhã, nos bonitos percursos do Jamor,
que fosses tu a fazer das tripas coração (quantas vezes não sem dor)
para que eu cumprisse ao limite o rigoroso treino do dia.
Para o que sempre e sem reserva te mantiveste ao meu dispor.

E não vamos depressa esquecer os petiscos que trazias para cada jantar.
As tortillas, as mousses de limão, e mais tarde os mejillones.
Pois ainda que nos treinos mostrasses que não te faltavam cojon...
Era à mesa que as tuas virtudes mais nos faziam suspirar.
(Já no Excel ficaste um pouco a desejar...!)

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Foram assim muitos anos a ter-te como parceiro
(ainda que a aparecer aos treinos nunca fosses o primeiro!)
Anos a compreender e também admirar a tua especial mistura
de firmeza e muita exigência com boas doses de inocência, até candura.
Anos até à desejada transformação, mas uma daquelas que perdura...

...vermos nascer de alma, coração e corpo inteiro
a partir de um Espanhol de cabeça dura,
um genuíno GAFISTA Portuga,
e um verdadeiro Gajo Porreiro!


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And one last one, just to show off in the States,
so over there they know what is it you left behind.
A group of dear friends and proud running mates.
You left a mark in this group’s heart and mind
and as someone reading your name anticipates,
Elvis… you must be one of a kind!

Mas palavras, leva-as o vento...


















No final do treino de treino (última foto), o Elvis promoteu que após a chegada a Pittsburgh, PA faria aqui o seu primeiro POST, e através deste Blogue nos manteria actualizado...!






quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Maldito vício

Estou farto de não correr!
Porra de de vício que provoca dores nas minhas entranhas quando não é alimentado. Não posso ver ninguém a correr na nossa bela pista de cascais que fico logo em carência. E não é só por hoje ter estado um fim de dia fantástico. Podia ser de manhã, à noite, ou à tarde fizesse sol, frio, chuva ou neve o vício prevalece e não me deixa sossegado.
Um vício que me deixa cheio de inveja de todos os que andam por ai calcorreando.
Tento de tudo. Mas as “metadonas” natacinha, bicla e ferro não me satisfazem.
Maldito vício.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Berlim by “maluquinho dos números”

Eu sei que já repararam nesta minha faceta. Já em miúdo, os meus amigos diziam que eu era o “maluquinho dos números” pois estava sempre a fazer análises numéricas de quase tudo principalmente se o assunto tivesse alguma coisa com actividades desportivas. O post anterior do Pedro e uma insónia ocasional “obrigou-me” a uma análise “estatística” sobre os resultados finais da maratona de Berlim que aqui partilho convosco.

Estiveram nesta corrida 35 820 atletas (20,6% do sexo Feminino) representando 106 países. Destes 27 tiveram um único representante. O Pais com mais representantes, como seria de esperar, foi Alemanha com 52,3% dos atletas logo seguido da Dinamarca com 10,8% o que perfaz um espantoso número de 3 881 atletas (agora compreendo melhor a razão pela qual durante a corrida passei o tempo a ouvir os espectadores a incentivos a Dinamarqueses).
Na Tabela que se segue apresento os 25 países mais representados nesta prova. Nesta tabela salienta-se o facto de terem estado presentes 75 portugueses (8 do sexo Feminino) e 276 Irlandeses que vieram em grande parte com a ajuda “turística” da nossa empresa “amiga” Sports Travel International.


As faixas etárias mais representadas no sexo Masculino foram as seguintes: + 40 anos 6108 atletas (17,1%) ; + 45 anos com 5132 (14,3%); +35 anos com 4514 (12,6%). No sexo feminino a idades mais representadas mantêm-se mas obviamente com números diferentes: 1607 (4,5%), 1349 (3,8%) e 1157 (3,2%).

Outra análise interessante é a expressa na próxima tabela onde apresentamos o número de atletas que terminar em cada uma das faixas horárias. A primeira linha indica o nº de atletas que terminaram com um tempo inferior a 2h15m na seguinte os que terminaram com tempo superior ou igual a 2h15 e inferior a 2h30 e assim por diante dividido em faixas de 15 minutos até ao limite oficial de 7h.

A faixa em que mais atletas completaram a sua prova está compreendida entre as 3h45m e as 4h (6 060 atletas, frequência de 6,7 atletas por segundo).
Cerca de 47,8% dos atletas terminaram a sua prova com um tempo inferior às 4h de prova e até às 5h já tinham terminado 89,5% dos atletas.




Analisamos ainda os tempos finais, mas agora o tempo médio obtido pelos atletas de cada um dos paises (só consideramos os países com mais de 10 representantes). Os dados apresentados na tabela seguinte são muito interessantes pois Portugal tem o 4 melhor tempo logo após o Quénia a Etiópia e a Eslovénia






Outro dado interessante é a diferença entre o tempo Bruto e o tempo de chip, ou seja, o tempo que os atletas demoraram até cruzar a linha de Partida depois de ter sido dado a partida oficial. Obviamente que os atletas que estavam mais à frente demoraram menos tempo. Como sabem os atletas na partida estão divididos por zonas, zonas construídas com base nos melhores tempos que cada um declara como sendo o seu melhor tempo à maratona.
A média geral foi de 4:04 o que é muito bom numa prova com tantos atletas.





Por hoje ficamos aqui quanto a curiosidades.

domingo, 19 de outubro de 2008

P.S. - Berlin by CF, LN e PJT

Só faltava isto (cortesia do Presidente):
(Parece que há uma maratona em Sevilha a 22 de Fevereiro. É aqui perto... Uma alternativa para o caso de Boston ficar muito "longe"...)

Berlin by Luís Nunes

Decidimos participar na Maratona Berlim na semana de recuperação da Maratona de Londres. Esperava que para Berlim me pudesse preparar melhor, isto é sem lesões.

Após Londres estive parado diversas semanas, para tentar recuperar das diversas mazelas da Maratona e da preparação.

A preparação:

Recomecei lento em relva e em meados de Julho iniciei a preparação para Berlim. Nas férias (3 semanas), no Pacífico (Filipinas, Micronésia e Palau) tive imensa dificuldade de treinar por causa da elevadíssima humidade. O treino a sério começou após o regresso das férias, sendo que apenas faltavam 6 semanas.

Coloquei alguma intensidade e em cada treino terminava como se tivesse acabado uma maratona. No 1º longão (32Km´s), senti imensas dificuldades e apenas consegui fazer 27Kms. No 2º longão (35 Kms), acompanhei o Carlos Ferreira e senti-me bastante melhor apesar de o treino ter sido bastante lento.

Os Objectivos:

Dado o atraso no arranque da preparação os objectivos não poderiam ser muito ambiciosos, sendo que defini que iria a Berlim fazer um longão e que o ataque ao record pessoal e ao Boston Time ficaria para a Maratona do Porto. Entretanto, ao longo da prova os objectivos foram evoluindo.

A Prova:

Berlim, é uma cidade fantástica para fazer a Maratona, pois é completamente plana (ou como diz o PT só tem descidas:-)) e o dia estava fantástico com céu limpo e a temperatura ideal. Decidi acompanhar o Carlos Ferreira e ajudá-lo a fazer a sua melhor marca pessoal (o objectivo do Carlos era 3:25).

Atrasamo-nos a chegar ao local da Maratona e na confusão acabámos por partir do bloco A (para os atletas + rápidos).

Com a pressão das ultrapassagens, fizemos os 1ºs Km´s acima do ritmo definido. Passámos aos 5 Kms com 23:14 e fizemos os seguintes em 23:44. Por volta dos 13Kms, fomos ultrapassados pelo balão que marcava o ritmo para as 3h15, sendo que tive uma enorme tentação de o acompanhar, mas achei que não teria pernas.

À Meia-Maratona, onde passámos em 1:40:02, sentia-me muito bem e arranquei e apesar do atraso decidi tentar Boston Time (3h15). Aumentei ligeiramente o ritmo para 4:35 e mantive-o até cerca dos 30Kms. Com o passar dos Kms ia-me sentido muito bem e continuei a aumentar o ritmo. Entre os 35 e os 40 Kms fiz 21:17 (4:15/km), sentia-me muito leve e não senti o muro. Nesta fase, ultrapassei milhares de aletas que iam em sofrimento. Aos 40Ks, percebi que estava claramente dentro de Boston Time e que se ainda aumentasse o ritmo, conseguiria bater o record pessoal – quem diria.

Fiz os últmos Kms a 4:00/Km e terminei a Maratona em 3:13:15, que é Boston Time e record pessoal (por 23 segundos). Fiz a 2ª Meia-Maratona em 1:33:13 (4:25/Km) e pela 1ª vez consegui não quebrar na 2ª metade.

Senti-me muito bem durante toda a prova e com os Kms fui adaptando os objectivos.

Parabéns ao Carlos e ao Pedro pelas performances espectaculares. Qual será a nossa próxima Maratona?

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Berlin by Pedro Teixeira

(note: section In English below)

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Quase 2 semanas depois, aqui vai o meu testemunho da aventura de Berlim 2008, bem como umas imagens "emprestadas" (enquanto não vem o CD com as compradas)... Depois da descrição "científica" do evento por parte do nosso Presidente, com a qual me identifico totalmente, resta-me partilhar algo da minha corrida pessoal. Até porque depois dos vários avisos que fiz, de que não estava em condição física para recorde pessoal (baixar das 3h00), sinto-me algo "culpado" por ter de facto batido esta marca... Marca que, como já escrevi, não tem em si mesma nada de especial, mas todos gostamos do simbolismo de metas "redondas". Mas antes de mais os dados "em bruto":
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10 km 00:42:00
half 01:28:04
final time total (chip) 02:57:08
average pace 4:12
total place (M/W) 1019
place (age) 224
place (total) 1054
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Sinto-me "culpado" porque não sou homem de fazer bluffs (ou "dar tangas", em bom Português!!) e estava mesmo convencido que o corpo não estava em condições. As razões? Na semana após o último longão (a 3 semanas) tive uma dor na virilha que me impediu de correr (e que praticamente me impedia de andar sem dores) toda a semana. Com anti-inflamatórios desde Quarta-feira, lá consegui correr no Domingo seguinte (20km), a um ritmo razoável mas pesado e algo cansado, ou seja, como alguém que já não corre há uma semana! Nesse Domingo, depois dos 20km, resolvemos dar banho frio às pernas na água do Guincho. Eu estava particularmente interessado em refrescar a cintura, com medo que a corrida piorasse muito o problema muscular (bursite do psoas ilíaco, segundo o melhor diagnóstico). Má ideia! O frio da água e o arrefecimento rápido da corrida com o vento do dia ditaram uma constipação forte, se não mesmo uma bronquite. Depois de 1-2 dias de febre, andei a tossir, cansado e com falta de ar mais 7-8 dias. Cada vez que me sentia melhor, corria um pouco mas o oxigénio decididamente não chegava ao sangue (e por consequência, às pernas) a uma taxa aceitável... Uma sensação muito estranha: Sabia-me na minha melhor forma de sempre (tanto na capacidade de transportar O2 ao músculo como ao nível celular no músculo, na capacidade de o utilizar) mas sentia-me fraquíssmo... lembro-me de subir as escadas da Faculdade para o parque de estacionamento e ficar cansado, com falta de ar! Treinar era virtualmente impossível. Para cúmulo, no meio de tudo isto, tive uma "crise colo-rectal" (para usar um "asséptico" termo técnico), daquelas que tornam a posição de sentado numa agradável... chatice! Houve um certo dia em que 1) não podia correr (constipação), 2) doía-me a virilha a andar (a bursite de facto doía mais a andar que a correr) e 3) estar sentado era um martírio... Foi o dia do tapering total! Fiquei em casa deitadinho de lado uma boa parte do dia, a editar o meu próximo livro (já agora, publicidade porque não, o mais recente pode ser visto e comprado aqui). A coisa rendeu!




Bom, chega de tragédia, mas sinto que devia esta explicação aos parceiros GAFEs. Tentei obviamente manter-me positivo e pensar que o treino e as suas adaptações fisiológicas estavam adquiridas. Mas foi difícil. Sinceramente, pensei que o descanso forçado em demasia e as mazelas da inflamação nos pulmões não permitiriam "activar" a condição física a tempo. Sentia-me em tudo menos em boa forma e muitos dias a sentir-nos doentes (que estava de facto) minam imenso a confiança, mesmo de quem estava bastante positivo como eu. Na última semana, a situação melhorou um pouco e na Quarta lá consegui correr 8km com o Carlos. Corri a ritmo de maratona (corri "de raiva", para provar a mim mesmo que conseguia), mas acabei esgotado e pesadíssimo. E passados dois dias, com os pulmões um pouco melhores, a virilha menos mal, e o resto mais mal que bem (mas não seria isto que me impediria de bater o meu recorde, porra!), lá fui para Berlim com os meus dois comparsas!




Claro que o dilema se colocava. Nestas condições, uma tentativa falhada (o resultado mais provável, a meu ver) mas levada até ao limite significaria ficar com as pernas num oito e imenso tempo de descanso posterior, perdendo-se por certo o resultado dos 3 meses de treino. Seria a pior consequência. Por outro lado, uma prova tranquila com o Carlos e Luís garantiria uma recuperação rápida (se não agravasse nada) e manteria a possibilidade de nova tentativa em breve. Seria um longão em Berlim...! Mas..., ir a Berlim, percurso de recordes, com tanta expectativa, com condições climatéricas óptimas, depois deste treino todo... para fazer um longão... Sem sequer tentar??! Não podia ser. Não me sentia bem... Por feitio, gosto de arriscar, prefiro não jogar à defesa e depois arcar com as consequências. Prefiro quase sempre experimentar a pensar como seria se... E depois de reflectir com os parceiros (na verdade, refectir com o Carlos, pois o Luís queria apostar comigo à força que eu fazia 2:55...!), apontei para uma solução de compromisso: tentar ir até à meia a ritmo de recorde (abaixo de 4:15), ver como me sentia... e aí decidir se fazia um treino ou uma prova para recorde. E assim seria.



No Sábado de manhã ainda fomos, eu e o Carlos, fazer 2-3 km mas o teste não correu bem. Pesado, cansado, em esforço para aumentar o ritmo. Mas aqui não me deixei "intimidar", pois a experiência de outras maratonas ensinou-me que o excesso de carbohidratos (muito glicogénio a ser produzido e armazenado no músculo) e o descanso "forçado" do tapering muitas vezes resultas numa "falsa" sensação de cansaço e pernas pesadas, que desaparece rapidamente em prova, com a estimulação adrenérgica (catecolaminas [como a adrenalina] em alta, devido à elevada prontidão psicológica) e com a corrida continuada durante alguns kms. Mas confesso que a confiança era baixa até ao tiro de partida. Na realidade, nos sprints de aquecimento havia sentido alguma "leveza", pela primeira em várias semanas. Mas ainda assim acreditava, naqueles segundos antes da partida em que estamos completamente "sozinhos", mesmo se apertados por milhares de pessoas (sozinhos com os nossos sonhos e expectativas, sozinhos com o nosso tão frágil corpo, e sozinhos com a nossa confiança - ou falta dela - que vamos mesmo conseguir chegar ao fim de todos aqueles kms...)... dizia, acreditava que antes mesmo dos 10km abrandaria e esperaria pelos comparsas para com eles gozar a prova. Mas assim não seria.

Após alguns kms, senti-me relativamente fresco e, depois de alguma hesitação quanto ao passo certo, percebi que conseguia manter o passo de 4:10 (mais ou menos alguns segundos) com alguma facilidade. Isto durou praticamente toda a prova. Antes da meia, deixei o pacer das 3h10 e o respetivo balão para trás. E pelos 33-35 km, ainda ao mesmo ritmo, percebi que provavelmente bateria mesmo as 3h, com uma mistura de satisfação e de algum receio que algo acontecesse... já estava tão perto. Mas, segundo o meu relógio mágico (só lhe falta fazer massagens e dizer-me que sou o maior da minha rua!), ia com 2-3 minutos de avanço e mesmo que tivesse câimbras (tinha medo pois corria com ténis de competição e os gémeos estavam a ficar tensos), poderia facilmente parar 1 minuto, esticar os gémeos, e continuar. Não foi necessário. Os últimos 3-4 km foram duros (4:20-4:25) mas nos últimos minutos, já com as portas de Brandemburgo à vista, foi possível voltar a acelerar. Ainda tentei bater as 3:57 mas de pouco valeu. A meta nunca mais chegava... Mas lá chegou e foi boa a sensação de a cruzar. Lembro-me de soltar um dasabafo sonoro, a alto e bom som! Curiosamente, no video do final da prova, ouve-se bem a minha voz...! Disponível "num computador perto de si" nesteURL:

(incrível a quantidade de pessoas a acabar ao meu lado... não me apercebi de todo, no momento)



Em retrospectiva, embora tenha andado a um bom ritmo, sei (sinto, mais do que sei) que com umas 3 últimas semanas sem problemas poderia ter andado um pouco mais depressa. No meio da prova, a olhar para o ritmo e forma dos meus "colegas de 3h" pensei várias que tenho pernas para mais... Mas também sei que isso poderia ter dado mais resultado, como tantas vezes acontece. O nosso amigo "muro" está sempre à espreita... Por isso estou contente com a prova, que encerra este capítulo e abre outros, que partilharei um destes dias. Mas que passa, claro, por terminar as 5 majors... Já só faltam duas.



Relativamente à prova, um reparo apenas aos elogios por parte do Carlos, que se esqueceu de elogiar o site. Do melhor que já vi. Fui lá agora e nos resultados (depois de colocar o meu nome) tem um link directo para as minhas fotos (basta crescentar Teixeira a este link http://www.marathonfoto.com/index.cfm?RaceOID=05912008M1&BibNumber=28882&Language=en), outro para gerar o certificado e ainda (e isto nunca tinha visto) um link para o video das minhas passagens à meia, aos 35km e no final (em cima). Super eficiente e fácil.



Mais um abraço aos colegas da GAFE, pelo apoio discreto mas presente à preparação dos Berlinenses. E um especial aos dois que me fizeram companhia, pela camaradagem e boa disposição, por me deixarem ficar com a melhor cama no hotel, pelo incentivo constante e por comigo terem inventado um novo termo: depois do "Kunami" de Roma, foi agora a hora do "Maratoneiro"! Nome que aplicávamos aos participantes na prova que nos dias anteriores eram detectados no Metro de Berlin, identificados pelos ténis, pela magreza corporal e aspecto saudável e por aquele ar inconfundível de quem - pais e avós, desempregados e executivos, ex-atletas e claramente "nunca-atletas" (!)... todos iguais - está ali para escapar por alguns dias à rotina da sua vida e saborear uns momentos claramente extra-ordinários. Naqueles perto de 40,000 corredores há uma enorme diversidade. Mas no período que vai das 2h e 3 minutos depois do tiro de partida até às 6 horas depois do mesmo tiro, sentem-se de certeza mais perto de si mesmos e também mais perto dos outros todos os que cortam aquela mesma meta (e também os que não cortam, como os que vi a caminhar com lágrimas nos olhos, a vomitar na berma do passeio, ou a ser socorridos). Mais perto de si e mais perto dos outros, é a sorte de todos aqueles Maratoneiros por um dia. Um dia que vale por muitos.
--
Pedro T.



[a note I send some friends, a few hours after the race]
As Gebrasilassie said in the end today , it was a perfect marathon day. The course was (is) excellent, the temperature was perfect (10 to 15 C but sunny), no wind, and lots of support (although London was much better in this regard). Besides some bridges, somehow the course just seems to have downhills when you run it, but not uphills (although it’s a loop course so that’s impossible!). I cannot remember a single uphill…!
--
As to performance… I was really surprised… by my own body! Yesterday I decided I was going to give it a shot (heck, after all the training, I had to try), but honestly my confidence that my body would be fit enough was quite low, considering all the signs my body has been giving me lately. But this morning was chilly and that kind of spurred me on, and I felt better than usual. We started 10m from the font (we cheated a bit but we were late…) which was good. Right there I said goodbye to Carlos and Luis and for the first 4-5km I was sluggish and thought I would just feel like slowing down soon and wait for them (that was the arrangement if I didn’t feel good, and that way save my legs for another race later this year). But I didn’t feel bad! I quickly got into a steady 4:10 pace, which felt very easy and basically I stayed there all race long. Never really felt strong and light, but always managed to keep that pace alright. I averaged below 4:12 pace. I used my light racing shoes (not the Brooks), which helped too. I was afraid towards the end that my calves cramped but they never did. In any case, I could have taken some time to stretch if I needed to. Didn’t need to. After 33-34km (the “make it or break it point”) I still felt OK (not great but OK) and knew I would probably beat three hours since I was 3 minutes ahead of pace, so I got excited and that kept me going until the end. The finishing was exciting, and difficult as they always are, as I sprinted to beat 2:57. Almost did (8 seconds past)… Overall, it was hard in the last 5-6 km but never too bad. I felt that with company or with a “pushier” crowd or if I needed it for some reason, I could still have accelerated. Not easily but I could have. So the lesson here is that once some (good) training is in, 2-3 weeks of (very) poor condition, including a persistent cold, will not affect it all that much. The funny thing is that I went for a morning jog yesterday and fell awful. Sluggish, heavy legs, slow, tired. I guess the competitive “juices” always mean an extra edge and today they were enough. I think the best part of the training were the track workouts. They allowed me to get efficient (thus saving energy to the end…and glycogen probably) and feel very comfortable at a fast pace, even when my overall “sharpness” was clearly not ideal. Perhaps with a better last month I could have done really well today... In any case, I don’t think I will ever train like this again. So 2:57 will probably stand as my record. Carlos, my friend and “training camp” partner also broke his record, and by 7 minutes (3:23!) and confirmed his Boston time of 3:30, achieved late last year. And Luis, who didn’t prepare very well (injuries) ran the first half with Carlos (1:40) and then “sprinted” the second half and still made Boston time with 3:13 (his PB by just a few seconds). So overall this marathon was a success. This course really helps people get PBs… And World Records!

domingo, 5 de outubro de 2008

Berlim by Carlos Ferreira

header2008

A Maratona de Berlim para a GAFE, e em particular para mim, foi um completo êxito. Se tivesse que classificar esta prova que é uma das 5 Majors do circuito Internacional de Maratonas de forma resumida e ao estilo da Marathon Guide (escala de 0-5) faria assim:

Corrida - 5
Organização - 4,5
Publico - 4

E lógica que esta classificação é influenciada pela minha "vasta experiência internacional" nomeadamente pela presença recente na Maratona de Londres.

ORGANIZAÇÃO

Como seria de esperar o nível de organização, da Maratona de Berlim, é muito elevado tendo em conta que tem que lidar com cerca de 40000 participantes na prova da Maratona, mais de 10000 nas outras provas, com muito mais acompanhantes e publico em geral. Mas para quem já correu a Maratona de Londres existem diferenças muito grandes entre estas duas provas. Começando pela feira que é boa com muita coisa mas um pouco confusa. Já a localização da partida é excelente. Os transportes para a partida (comboio e metro) vão todos ter à mesma estação com uma frequência espectacular o que faz com que não haja grandes confusões na estação. É importante referir que a rede de transportes em Berlim é muito boa com transportes rápidos e relativamente baratos (no caso da GAFE ainda mais barato são pois compramos um bilhete no primeiro dia que teve o condão de servir para toda a nossa estadia é FANTÁSTICO, ou melhor, o milagre da multiplicação dos bilhetes).
Apesar do local aonde os atletas esperam a partida ser muito grande (não tão grande quanto Londres) não se vive o ambiente fantástico com que fui presenteado na capital da Grã-bretanha onde tudo estava a 100%.

berlim1

O local de partida (os currais por tempos) estão um pouco distantes o que provocou que a GAFE tivesse de fazer um aquecimento mais forte e durante mais de 5 minutos em direcção à partida. Como não sabíamos que demorava tanto tempo a chegar ao nosso curral (E) partimos em sua direcção um pouco atrasados (nós e muitos atletas) este atraso provocou confusão à entrada dos currais. Esta foi-nos benéfica pois entrarmos (não sei bem como) logo no curral (A) muito perto das grandes vedetas esperando menos de 5 minutos pela partida.
Os abastecimentos são muitos e variados (mais ou menos de 2,5km umas vezes antes dessa marca outras vezes depois o que provoca alguma confusão no planeamento dos abastecimentos sólidos que levamos ), mas feitos em copos de plástico o que torna a hidratação uma tarefa complicada (como diz o Pedro Teixeira "a água estava sempre a saltar para os olhos"). No meu caso nos reabastecimentos perdi muito tempo abrandando muito o ritmo.

Quanto ao público apesar de muito (essencialmente acompanhantes) não é tanto nem tão caloroso quando comparado com Londres. Mas se compramos com as corridas em Portugal é extraordinário. A única coisa desagradável é que a maior parte está sempre gritar denmark.

O percurso apesar de não ser muito bonito é um circuito que dá uma grande volta pela cidade nunca passando na mesma zona. É quase plano havendo até quem diga que apesar de ser em circuito é sempre a descer, o que não é verdade como se prova pelo declive obtido no meu polar. Há zonas (por volta dos 26km) com subidas pouco inclinadas (0,6%) mas durante muitos metros (2000).

declive

Corrida

imagePartida!!, Largada!!, FUGIDA!!...

Passemos então é descrição da prova e como esta me correu. Depois dos tradicionais cumprimentos onde o PT reforçou a sua intenção de ir tentar baixar da barreira das 3h e para eu me colocar à direita a partir da meia pois se ele achasse que não conseguia atingir o seu objectivo ira esperar-me a partir da meia.

Mas partir da porta (A) é outra coisa (devíamos estar a 50 metros de Haile Gebreselassie). A partir do momento que foi dada a partida até quase ao fim da prova passei o tempo a ser ultrapassado por verdadeiros atletas que provocavam uma ventania lixada quando passavam.

E lá vamos todos. A partida não é nada confusa pois a avenida é muito grande em largura e em extensão o que permite que comecemos logo ao nosso ritmo. O Pedro obviamente "basou" rapidamente e lá fomos nós os dois a bom ritmo (claro para mim). O Luis armou-se em Pedro Oliveira e durante o período em que me acompanhou foi duas vezes aliviar a sua bexiga. Os nossos primeiros 5km foram feitos ao bom ritmo de 4:42/km. Apesar de ir a ritmo mais elevado do que inicialmente previsto não fiquei preocupado pois estava muito bem sentido mesmo assim ia a "a travar".

Os segundos 5Km formam concluídos mais ou menos ao mesmo ritmo (4:46), no fim dos quais me assustei, um pouco, pois comecei a ter algumas dores no adutor da perna direita dores que se prolongaram mais ou menos até final do 15km. Mesmo assim não baixei o ritmo e consegui fazer a terceira légua em 4:45 mas a partir daqui comecei a sentir as pernas um pouco pesadas o que se acentuou na légua seguinte (4:46) onde comecei a sentir grande dificuldade em ganhar ritmo após os abastecimentos pois demorava muito tempo a recuperar até junto do Luis que por vezes teve que diminuir o ritmo para eu recolar.

image

Após a imagemeia maratona, que foi percorrida em 1h40m13s, deu-se o abandono da minha lebre (neste caso o Luis partiu para frente e fez uma segunda meia simplesmente fabulosa). Quando o Luis partiu tomei a decisão, certa, de diminuir o ritmo para tentar fazer uma segunda meia sem grandes desfalecimentos. Assim entre os 20 e 25km gastei 4:52 depois continuei a manter mais ou menos o ritmo nas léguas seguintes 4:55 e 4:53. Depois do "muro" baixei ainda mais o ritmo (4:59) a máquina estava no limite. No segmento final (2195 metros) chamei as minhas forças finais (há quem diga que eu não sei o que é isso) e consegui recuperar um pouco o ritmo (4:53) conseguindo terminar num tempo fabuloso, para mim, um resultado "quase ao nível do sonho" 3h23:47s (ritmo final de 4:49,8).

Pela primeira vez num final de uma prova fui sujeito a algo muito muito estranho. Apesar de estar extremamente feliz sentia uma vontade enorme de chorar, ainda agora quando estou a escrever estas palavras revejo o que na altura senti. Não sei explicar a razão do que me sucedeu pois normalmente não sou dado a dar muita importância aos meus "feitos" mas nesta prova a emocão bateu forte.

Ainda bem...

Depois de ultrapassado este momento "infindável" foi caminhar para junto dos "meus" para dividir a alegria e saber novidades tentando ingerir alguns líquidos pois o meu último abastecimento tinha sido aos 35km. A sede era tanta que até bebi RedBul.

Ao chegar junto deles a felicidade ainda foi maior pois o Pedro e o Luis tinham conseguido os seus objectivos. O Luis tinha feito, de forma surpreendente, uma segunda meia canhão e consegui fazer Boston time e bater o seu record pessoal (este menino se treinar bem vale abaixo das 3h na maratona) e o meu companheiro de centro de treino depois de duas semanas desastrosas cheias de percalços baixou das 3h. Como eu previa (ufa!) o tapering Carlos Lopes resultou. FANTÁSTICO. FELICIDADE TOTAL.

Com o nosso saquinho de comida brindamos um sol magnífico (só ele conseguia competir com a nossa felicidade) e gozámos o ambiente do final de festa este sim muito superior aquele vivido em Londres (chuva maldita). Ainda vimos (no ecrã gigante) um resumo da extraordinária prova do novo recordista do mudo. Fiquei contente até o Gebreselassie chegou cansado.

Fiquemos por aqui que o relato já vai longo e senão ainda pago coima por escrever demais. Mais aventuras seguem-se nos próximos capítulos.

NÃO PERCA

VIVA A GAFE...

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Coimas

aguardamos os reportes.
ou há uma boa justificação ou teremos que utilizar o sistema de coimas em vigor no GAFE.
abraço
ab